História da Esgrima em Minas Gerais (por Carlos Moreira)
História da Esgrima em Minas Gerais (por Carlos Moreira) https://institutotouche.org.br/wp-content/themes/fildisi/images/empty/thumbnail.jpg 150 150 Redação https://secure.gravatar.com/avatar/a9c82484ddc8f7aed43e31b2178c0d99?s=96&d=mm&r=gMarcando e mudando a vida de pessoas – História da Esgrima em Minas Gerais
Carlos Moreira, 21/05/2020
Tendo recebido o gentil convite para falar sobre a história da esgrima em Minas Gerais, vou me permitir focar sobretudo nos acontecimentos de Belo Horizonte, sem destinar às iniciativas em outras cidades o espaço merecido e dentro dos limites do meu conhecimento. Peço desculpas antecipadas.
O relato a partir da década de 1980 serve como exemplo para as dificuldades inerentes à implantação da esgrima em localidades onde não há qualquer estrutura prévia, assim como nenhuma demanda espontânea de clubes e outras entidades. Talvez seja desafio semelhante àquele que apaixonados por todo o Brasil enfrentaram e enfrentarão em novos estados, cidades ou clubes. Não faz parte de nossas tradições qualquer política de acolhimento dessas iniciativas precursoras. E nosso caso era particularmente desfavorável, pois na maior parte dos primeiros tempos sequer contávamos com o apoio de mestres d’armas ou de profissionais de Educação Física. Sobrevivíamos do voluntarismo amador e apaixonado.
Muitos detalhes serão omitidos, mas um pequeno cuidado será destinado aos personagens que, no decorrer da narrativa, retornam anos depois com novos papéis e associações. Pois a polivalência é nossa essência e ter presenciado todas essas maravilhas é prerrogativa de quem teve continuidade.
Essa não foi a primeira sala d’armas em Belo Horizonte, mas sabemos que no início da década de 1940 havia uma esgrima bem organizada no Minas Tênis Clube, sob a direção do mestre Berzelius Veloso Figueira, que trabalhava as três armas. A conexão com o meio militar era forte, pois esse mestre era major e comandante do CPOR. Tinha uma personalidade envolvente que arrebanhava os alunos que se destacavam nas aulas de esgrima e baioneta para se desenvolverem no clube. José Israel Vargas, eminente cientista e ministro da Ciência e Tecnologia de 1992 a 1999, pertenceu a esse grupo. Almir Wildhagen Figueira mais tarde se tornaria professor do curso de Educação Física da UFMG e, até a década de 1970, providenciou para que a esgrima fosse ensinada em disciplinas regulares. Como consequência tardia desse esforço, em 1997 foi iniciado um curso de extensão de esgrima, aproveitando justamente o equipamento adquirido no tempo desse professor, após ter passado mais de duas décadas guardado em uma grande caixa no depósito.
Não se sabe ao certo o quanto Belo Horizonte na década de 1940 conseguia se integrar ao universo da esgrima civil brasileira. Mas há registro que os praticantes mais eufóricos chegaram a esboçar uma Federação Mineira de Esgrima, que infelizmente não se concretizou. Após o encerramento do grupo do MTC a esgrima permaneceu limitada a iniciativas pontuais nos ambientes acadêmico e militar.
FOTO 1 – Minas Tênis Clube, início da década de 1940.
Fonte: site do clube em https://www.minastenisclube.com.br/noticias/aqui-tem-historia
Em 1981 a esgrima em Belo Horizonte se reativou com a chegada de um professor que havia sido atleta do Fluminense, onde teve aulas com Jorge Moreno. Uma pessoa de carisma marcante, que mais tarde fez carreira como desenhista e escritor sob o nome de Max Velati, e que retornará à história da esgrima mineira em vários outros momentos. Aí se iniciava um período de duas décadas de esgrima implantada sobretudo em academias de ginástica e musculação, mas em alguns momentos sobrevivendo em treinos de quintal.
Foi uma fase marcada pelo idealismo, mas também por sérias limitações de equipamento e pouca integração com o cenário nacional. Os professores que se sucediam tinham atividades profissionais em outras áreas e motivação derivada exclusivamente do apego ao esporte. As mensalidades pagas pelos alunos cobriam somente o aluguel do espaço e a compra de equipamento. Quase todos dependiam de uniformes feitos por costureiras amadoras na esgrima, às vezes a avó de alguém, frequentemente mal reforçados e com detalhes estranhos a nosso esporte. Jogava-se florete mudo por ser a arma tradicional para iniciação e por ter arbitragem mais viável na falta de equipamento de sinalização automática.
Nesse período inicial, deram aulas o precursor Max Velati, que tinha foco na esgrima clássica, Alonso Fernandes, eu próprio, o mestre d’armas Vítor Bazuchi, José Andretta, Ricardo Martins, Gérson Schmidt e Leonardo Portes. Em 1986 o tenente Bazuchi era egresso do bom curso de mestre d’armas da EsEFEx. Chegou a solicitar à Confederação Brasileira de Esgrima permissão para levar seu grupo para as provas nacionais das categorias livre e juvenil. Mas a iniciativa não foi acolhida pela confederação. Seria possível, mas com o pagamento de valores proibitivos. As oportunidades para disputar competições surgiam sobretudo no âmbito militar, dado que o tenente Bazuchi estabeleceu uma iniciação no Colégio Militar de Belo Horizonte, além de apoiar o grupo civil mais experiente. Em outubro de 1987, equipes civil e militar de BH participaram de uma prova de florete no Colégio Militar de Brasília. Uma curiosidade foi a participação, jogando pelo CMB, do futuro mestre d’armas Evandro Oliveira, ainda adolescente.
FOTO 2 – Colégio Militar de Brasília, 25/10/1987.
Fonte: arquivo pessoal.
Obs. Tenente Bazuchi é o último em pé a direita, Carlos Moreira é o primeiro sentado da esquerda para a direita, Evandro Oliveira é o quinto sentado da esquerda para a direita.
A introdução da espada em BH começou em 1995, com meu retorno de um período em que treinei na sala d’armas da Universidade de Princeton com o mestre Michel Sebastiani. E com a ajuda voluntária de José Andretta, espadista de destaque da Sogipa e pertencente a uma família tradicional da esgrima gaúcha. Uma noite, antes do treino, nos chegou aquele cavalheiro bem vestido, possivelmente saído de uma reunião de negócios. Se apresentou dizendo que havia feito parte da equipe nacional de espada por oito anos. Lembro que olhei pensativo para seu rosto barbudo e respondi – “Bom, nesse caso acho que não temos muito para te ensinar…” – ao que ele respondeu de imediato – “Mas eu vim para ajudar!”. E como ajudou!
Na mesma época, em Juiz de Fora, o professor cubano Luis Bretones construiu um grupo que participava de provas no Rio de Janeiro, com pretensões de integração ao cenário nacional. Logo surgiu uma parceria entre nós de BH e o Florespa, nome escolhido pelo cubano com referência às armas que ensinava. Organizamos várias provas e sessões de treinamento em ambas as cidades. Eventualmente esse professor decidiu emigrar para Miami, onde hoje tem sua própria sala d’armas com o mesmo nome da edição brasileira. A experiência em Juiz de Fora incluiu também incursões no universo da esgrima adaptada, então praticamente inexistente no Brasil. Bretones preparou um atleta para o Campeonato Mundial de Esgrima em Cadeira de Rodas de Euskirchen de 1998 e realizou uma tentativa pioneira de implantação de esgrima para cegos. Um dos adolescentes mais promissores do Florespa, Kleber Castro, quase duas décadas mais tarde retornaria ao esporte para se tornar professor do grupo de esgrima adaptada do Barroca Tênis Clube.
FOTO 3 – Torneio BH-JF, Belo Horizonte 08/12/1996.
Fonte: arquivo pessoal.
Obs. Da esquerda para a direita: Rodrigo Medeiros, Luis Bretones, Marina e José Andretta.
A tão aguardada inserção no circuito nacional só aconteceu em 1997, quando o grupo de BH contou com o gentil convite da saudosa Dona Amélia para jogar as provas nacionais e estaduais pelo Vasco da Gama. Foi um passo difícil, mas em breve os atletas de BH jogando pelo Vasco já eram mais numerosos que os do Rio de Janeiro. O primeiro resultado de alguma expressão aconteceu em outubro daquele ano, com uma entrada nas quartas-de-final da prova de espada masculina do Torneio Nacional Cidade de São Paulo. Um ano depois nossos atletas Athos Guedes e Flávio Veloso seriam os primeiros a fazer estágios de treinamento no exterior. Treinaram na Inglaterra e na França e disputaram várias provas FIE na Europa.
Em 1998 os mineiros passaram a competir pelo Club Athlético Paulistano, aproveitando a acolhida do mestre Régis Trois e buscando ter acesso também ao calendário de provas estaduais de São Paulo. Por essa entidade competimos até 2001. Ao todo foram cinco anos sendo inscritos na CBE por entidades de outros estados, que nos receberam com a mais absoluta generosidade. No Brasil daquela época não havia a possibilidade de atletas se filiarem individualmente à Confederação Brasileira de Esgrima, ainda que isso fosse possível em alguns países, ou de atletas disputarem determinada prova nacional como avulso, tal como se tornou possível poucos anos atrás. Devido a isso, depois que começamos a ter nossas próprias entidades vinculadas à CBE, criamos a tradição de acolher atletas que, por diferentes motivos, precisavam de um clube para participar de competições nacionais ou internacionais. Dezenas de atletas se beneficiaram dessa política.
Em seus primeiros anos no circuito nacional, os atletas de BH treinavam e competiam em florete e espada. Mas os melhores resultados sempre eram na espada. A esgrima nacional já contava com uma geração nova de mestres sintonizados com as evoluções recentes do florete. Ao passo que em BH as referências técnicas e estratégicas ainda eram das décadas anteriores, sem que houvesse mestres e atletas que pudessem auxiliar na atualização. A preferência por golpes lançados e sobretudo a reinterpretação das regras de prioridade eram uma realidade que nos causava estranheza. Além disso, na época a espada oferecia um cenário muito mais rico de provas estaduais e amistosas em São Paulo, Brasília e nas instituições militares, o que era essencial para uma evolução gradativa. É dessa época o início de uma longa interlocução com a EPCAr de Barbacena e com o Pentatlo Aeronáutico. Dessa forma, o grupo foi progressivamente se afastando do florete e privilegiando a espada.
FOTO 4 – Banner do I Torneio Mineiro de Esgrima 27/11/1999.
Fonte: arquivo pessoal.
Em 1999 foi realizado o primeiro Torneio Mineiro de Esgrima. Era para ser o campeonato mineiro, mas uma consulta à CBE resultou na indicação da mudança de nome, pois não havia uma federação estadual para promover um “campeonato”. Demos de ombros e decidimos que uma das primeiras medidas implementadas por uma futura federação seria o reconhecimento dos TME como equivalentes a campeonatos estaduais. Esse evento vem sendo realizado ininterruptamente nos segundos semestres de cada ano desde então, com 18 edições em Belo Horizonte, duas em Ouro Preto e uma em Montes Claros. Em 2003 começamos as Taças Belo Horizonte de Esgrima, sempre realizadas nos primeiros semestres. Mais adiante também os Torneios Início, Torneios Encerramento, Torneios de Inverno, etc. Assim como as provas regularmente organizadas pela EPCAr em Barbacena. Até chegarmos aos calendários estaduais recentes, com cerca de oito provas anuais, inclusive para as categorias infantis e de base. Grande parte dos resultados, inclusive com ferramentas para a pesquisa por atleta e para a geração de estatísticas, estão disponíveis na Enciclopédia da Esgrima Mineira, organizada e disponibilizada por Evandro Paradela no endereço http://www.esgrimamg.com.br/repositorio/
A primeira sala voltada exclusivamente para a esgrima fundada em BH em tempos modernos foi a Rapier, Arte & Ciência da Esgrima. Uma sociedade que previa atuação nas esgrimas esportiva, clássica e cenográfica. Lá foi organizado nosso primeiro estágio internacional, com a visita do mestre francês Jean-David Poquet, radicado na Guiana Francesa e formador de grandes atletas, particularmente o multicampeão Ulrich Robeiri. O mestre Poquet gostou da cidade e quis se mudar para Belo Horizonte. Chegamos a visitar alguns dos melhores colégios levando um projeto voltado para as categorias de base. Mas encontramos a dura realidade de que o potencial de formação de atletas de alto rendimento não seduzia essas instituições. Algumas até com interesse declarado por esportes competitivos, mas na prática focando somente nas provas do âmbito escolar.
FOTO 5 – Sala da Rapier em 20/01/2001.
Fonte: arquivo pessoal.
Obs. À esquerda Jean-David Poquet, à direita Athos Guedes.
A experiência da Rapier foi esportivamente engrandecedora, mas o aluguel ficou pesado. Assim, em 2002 os esgrimistas se transferiram para o salão de festas do Clube Recreativo Mineiro, que se tornou a primeira entidade mineira inscrita na CBE. Permitindo assim que os atletas de BH finalmente pudessem competir por sua própria entidade.
FOTO 6 – Carlos Moreira no Clube Recreativo Mineiro em 2002.
Fonte: arquivo pessoal.
Porém, o vício de dispor de um espaço exclusivo para a esgrima, com pistas marcadas e aparelhagem de sinalização não abandonou o grupo. Já no ano seguinte foi fundada a Cavaleiro Negro por Leonardo Portes, que em 2004 se mudou para um endereço mais central sob o nome de Escola Mineira de Esgrima, onde pela primeira vez foram montadas turmas infantis. Nesse ano começaram a aparecer as primeiras medalhas nacionais na categoria livre individual. Angélica Melo, que havia se iniciado na esgrima apenas quatro anos antes na Rapier, foi a campeã brasileira de espada tendo Leonardo como treinador. Eu próprio obtive meu melhor resultado nacional com a medalha de bronze nessa mesma competição. Infelizmente Angélica abandonou as competições pouco tempo depois para priorizar seu mestrado em Física. Em 2006 Joaquim Murta foi nosso primeiro campeão brasileiro na categoria cadete.
FOTO 7 – Angélica Melo, campeã brasileira de espada em 2004.
Fonte: Athos Guedes.
O grupo já estava consolidado e começando a induzir experiências análogas em outros locais. Por volta de 2005 o atleta Rodrigo Medeiros, que havia aprendido esgrima em BH, estabeleceu o grupo Zambra em sua cidade de origem, Montes Claros. Nessa cidade foi o responsável pela organização do VII Torneio Mineiro de Esgrima, com finais em um shopping center.
O salão de festas do Barroca Tênis Clube teve sua glória, até que um dia foi interditado em decorrência das reclamações da vizinhança contra o barulho. Permaneceu fechado até fins de 2006, quando começou a se tornar a nova casa da esgrima de BH, sob a direção do mestre César Leiria, recém aposentado da Aeronáutica. Era útil carregar o nome de um clube tradicional, ainda que a esgrima continuasse sendo uma iniciativa autoral. O clube apenas nos cobraria aluguel mais barato do que os valores de mercado e forneceria uma entidade para fins de vinculação à CBE. Até mesmo a profunda reforma necessária para converter o salão de festas degradado em uma sala d’armas foi feita pelas mãos dos esgrimistas. Com o espaço recebendo toda uma coleção de dispositivos e implementos que normalmente seriam fabricados pelos melhores fornecedores internacionais, mas que em nosso caso foram cuidadosamente desenhados e construídos pelo mestre Leiria: três conjuntos de torres de repetição, braço mecânico, alvos fixos e móveis, racks para armas e máscaras, etc. Alguns anos depois, a sala de esgrima foi ampliada até atingir sua configuração atual, com sete pistas de um metro de largura, quatro delas eletrificadas, zona para aquecimento, armeria, vestiário, escritório e depósito, com área delimitada de 411 metros quadrados.
A vinda do mestre Leiria também provocou uma ampla redefinição de nossos protocolos de treinamento, com a adoção do Sistema de Brasões com apostilas editadas pelo próprio mestre e com o envio antecipado dos famosos QTS, Quadro de Trabalho Semanal.
FOTO 8 – Entrega de brasões pelo mestre Leiria em 04/11/2007
Fonte: Bianca Dantas.
Obs. Mestre Leiria entrega os brasões para Carlos Moreira e Leandro Soares.
Em 2007 o circuito nacional contou com a participação de duas entidades mineiras: BTC e EME. A segunda, ainda sob o comando de Leonardo Portes.
Nossa segunda atleta a vencer um nacional de espada na categoria livre foi Bianca Dantas, em Porto Alegre, 31 de agosto de 2008. No ano seguinte, Bianca foi medalhista de bronze sul-americana individual, dando partida em uma bela carreira na qual acumulou medalhas nacionais e continentais, tendo sido a primeira atleta de BH a percorrer todo o circuito da FIE e com participação em mais de 30 eventos internacionais.
FOTO 9 – Medalhistas de espada no Campeonato Sul-Americano, Medellín 29/10/2009.
Fonte: foto oficial do evento.
Obs. Da esquerda para a direita: Camila Rodrigues, Angela Espinoza, Natalia Lozano, Bianca Dantas.
Paralelamente a sua carreira com atleta, Bianca também foi iniciada como monitora e instrutora de esgrima pelo mestre Leiria. Até então, o grupo era formado sobretudo por atletas adultos, sem turmas infantis. Por isso contava com pouquíssimos atletas nas categorias de base. Coube à Bianca implantar a primeira turma infantil do BTC e dela se ocupar até fins de 2013.
O Torneio Nacional Cidade de Belo Horizonte de 2010 foi a primeira prova da CBE realizada em Belo Horizonte. Sediar competições nacionais era uma das propostas mais ambiciosas do mestre Leiria. Desde então, Belo Horizonte já recebeu 12 provas nacionais de todas as categorias, valendo menção ainda o Torneio Nacional Cidade de Barbacena de 2014, organizado pelo Coronel Newton Centurião na EPCAr.
Ao final de 2010 o mestre Leiria decidiu se aposentar em definitivo e daí se seguiu um período em que o BTC se sustentou na parceria entre Bianca Dantas, Evandro Paradela e eu próprio para a continuação das atividades de formação e desenvolvimento. Mesmo assim, continuou havendo progressos e a evolução destacada dos atletas mais engajados. Em abril de 2011, Fabiano Avellar e o atleta paulistano Luiz Petrachi, que na época treinava temporariamente no BTC, fizeram uma disputada final do Torneio Nacional Cidade do Rio de Janeiro, com vitória para o atleta do CAP.
É desse período a construção do grupo de esgrima em cadeira de rodas, que contou com o voluntariado do educador físico Kleber Castro e foi iniciado com um grupo de atletas cadeirantes indicados pelo programa Superar da Prefeitura de Belo Horizonte. Desde então, a esgrima em cadeira de rodas tem sido o projeto social de excelência da Esgrima BTC, com treinamento gratuito e empréstimo de equipamento. Os conjuntos de fixadores foram cedidos em comodato pelo CPB e, desde o início, o grupo se voltou para as competições, com medalhistas nacionais e participações internacionais em todas as categorias e armas: Marcos Melo, André Vasconcelos, Márcio Soares, Elias Oliveira.
FOTO 10 – Aula inaugural da esgrima em cadeira de rodas em 14/02/2011
Fonte: Bianca Dantas.
Obs. Em pé, da esquerda para a direita, Kleber Castro, Evandro Paradela e Carlos Moreira. Sentados, da esquerda para a direita, Gustavo Reis, Marcos Melo, Márcio Soares, Gustavo Pereira e dois atletas não identificados.
Em 2012 o mestre militar Tiago França assumiu o treinamento de jovens e adultos, função que ocupou até outubro de 2013, com Bianca permanecendo a cargo da formação infantil. Apesar de ter sido atleta militar de florete e de ter elaborado uma monografia sobre o treinamento dessa arma, o mestre França optou por trabalhar apenas a espada em seu tempo no BTC, pois sabia que a carreira militar eventualmente o levaria para outros destinos.
Ao final de 2013, o mestre Eduardo Romão, nosso Dudu, após uma vitoriosa carreira no CAP, decidiu aceitar um antigo convite e se mudou para Belo Horizonte para assumir todos os encargos técnicos do BTC.
Iniciou-se uma época de muita força na espada feminina de Belo Horizonte, com Marina Tello e posteriormente Clara Amaral fazendo companhia à Bianca nos pódios nacionais e com o grupo atraindo atletas formadas fora de Belo Horizonte, mas que buscavam um ambiente de qualidade para treinar, como foi o caso de Cleia Guilhon e Marcela Silva. Com destaque também o papel vitorioso desempenhado por Clédola Cássia Tello, tanto nas provas de veteranos quanto nas provas nacionais livres por equipes, nas quais Minas Gerais conquistou medalhas em sequência.
FOTO 11 – Equipe campeão brasileira de espada feminina, São Paulo 26/11/2018
Fonte: arquivo pessoal.
Obs. Da esquerda para a direita: Marina Tello, Bianca Dantas, Clédola Tello. No colo: Clara Amaral.
Destaque também para o desempenho dos atletas das categorias de base iniciados no período de 2011 a 2013 e que, sob o mestre Dudu, se destacaram e medalharam nas provas infantis, pré-cadetes, cadetes e juvenis: Valter Lôbo, os irmãos Álvaro e Olavo Donato, Tarcísio Mendes, Miguel Giffoni, André Reale e Clara Amaral. Clara foi vice-campeã em seu primeiro torneio nacional da categoria livre, disputado em abril de 2018 em São Paulo, quando tinha 14 anos de idade. Todos esses atletas tiveram várias participações e medalhas em provas internacionais. Álvaro Donato obteve a segunda colocação na Copa do Mundo Juvenil de San Salvador em 2019, sendo nosso primeiro medalhista em eventos FIE mundiais.
Eduardo Romão, auxiliado por sua filha, a educadora física Ana Paula Bindi, introduziu os treinamentos de florete e sabre no BTC, com o florete associado à espada na formação infantil e o sabre apresentado para uma turma motivada de jovens e adultos. Os expoentes da nova geração, todos atualmente na categoria Infantil 13 anos, são Vitória Macedo, Bernardo Homsi, Eduardo Viana e Igor Seixlack.
FOTO 12 – Atletas do BTC no Torneio Mário Queiroz, Belo Horizonte 10/05/2015
Fonte: Bianca Dantas
Obs. Da esquerda para a direita: Tarcísio Mendes, Álvaro Donato, Miguel Giffoni, André Reale e Olavo Donato.
FOTO 13 – Dudu e atletas infantis no BTC, 11/03/2018
Fonte: Bianca Dantas
Obs. Na frente, da esquerda para a direita: Igor Seixlack, Bernardo Homsi, Eduardo Viana, Valter Lôbo, Rafael Gomes. Atrás: mestre Eduardo Romão.
FOTO 14 – Festival Infantil Mestre Buonafina, Porto Alegre 18/08/2018
Forte: arquivo pessoal.
Obs. Da esquerda para a direita: Vitória Macedo, Eduardo Romão e Patrícia Macedo. Vitória foi medalhista de bronze na prova de espada 11 anos.
Nessa nova fase, Belo Horizonte também se tornou um polo formador de árbitros e técnicos. Foi oferecido o Curso de Formação de Técnico de Esgrima Nível I pelo Instituto Brasileiro de Esgrima em seis finais de semana de 2019. Iniciativa similar foi promovida pelo mestre Leiria em 2010, com carga horária bem menor em apenas um final de semana, mas que atraiu interessados de todo o Brasil. A expectativa é que dessas iniciativas possam se constituir novos grupos de treinamento em Belo Horizonte, o que contribuirá para a consolidação de um ambiente propício para o desenvolvimento do nosso esporte e até para a eventual fundação de uma federação estadual, objetivo em pauta desde a década de 1940.
Os primeiros sinais dessa nova fase já aparecem com um novo impulso para a esgrima do Colégio Militar de BH, sob o comando de Bianca Dantas, agora em processo de formação como educadora física. Novembro de 2019 trouxe a reinauguração da Rapier, igualmente por iniciativa da Bianca. Por coincidência, ocupando o mesmo espaço usado pelos esgrimistas de BH entre 1996 e 1997.
FOTO 15 – Logo da Rapier
Fonte: Bianca Dantas
Nesses 40 anos da história moderna da esgrima de Belo Horizonte, nossa estimativa é que cerca de 800 atletas tenham sido iniciados e mais de 300 tenham participado de provas estaduais. Aos poucos, os degraus foram galgados e as conquistas obtidas, não apenas na forma de troféus, mas na criação de um ambiente esportivo rico, que marcou e mudou a vida daqueles que a ele se integraram como atletas, treinadores, pais e amigos.