Bruce Dickinson no Brasil
Bruce Dickinson no Brasil https://institutotouche.org.br/wp-content/themes/fildisi/images/empty/thumbnail.jpg 150 150 Redação https://secure.gravatar.com/avatar/a9c82484ddc8f7aed43e31b2178c0d99?s=96&d=mm&r=gBruce Dickinson: o esgrimista mais famoso do mundo em seus treinos pelo Brasil
Provavelmente você conhece Bruce Dickinson pelos trabalhos como vocalista do Iron Maiden, piloto de avião, empresário, radialista, escritor, entre tantas outras atividades. Mas, são poucas as pessoas que sabem que ele é atleta: e de esgrima!1
Nascido em Worksop, Reino Unido, em 7 de agosto de 1958, Bruce foi atraído pelo esporte desde os tempos de colégio e teve como primeiro mestre o professor de metalurgia e treinador amador de esgrima John Worsley, na Oundle School, internato onde estudou. Naquela época, aos 14 anos, ele buscava um esporte de combate e a esgrima era a única atividade que seu colégio poderia oferecer com esta finalidade. Os bons resultados obtidos nos campeonatos ajudaram a mudar sua vida dentro do internato: ele se tornou capitão da equipe de esgrima estudantil e, devido a isso, o bullying que sofria desde seus primeiros dias no colégio havia chegado ao fim. Ele talvez não soubesse, ainda, mas a esgrima transformaria sua vida.
Após os tempos de escola, Bruce reencontra a esgrima como uma “salvação mental do torpor do rock’n’roll”2, em 1983, quando já era vocalista do Iron Maiden. Em entrevista concedida em 1999, à MTV Brasil, ele explica o motivo de ter voltado a treinar esgrima, desta vez levando o esporte a sério: “Foi uma forma de manter o meu cérebro funcionando enquanto estava em turnê, caso contrário eu iria encher a cara e me exceder. Pensei: Preciso fazer algo”3. Nesse período, Bruce tinha aulas com o técnico da seleção inglesa, Brian Pitman, e teve como parceiro de treino o filho de Brian, Justin, que havia ficado em quarto lugar no campeonato mundial sub-20 daquela época. Ao longo de sua jornada de treinos, passou por outros treinadores de nível olímpico, ficou entre os dez melhores da Inglaterra nos anos 80 e chegou a concluir um curso que o qualificou como treinador.
Bruce declara que há um paradoxo na esgrima, que se dá no conflito entre disponibilidade e oportunidade: “A aparência é de passatempo aristocrático, prática de uma elite rica. É uma forma de pensar bastante conveniente e preguiçosa”4. Para ele, a esgrima deveria estar presente no interior das escolas mais violentas e de regiões periféricas, e não apenas nas escolas de elite, formando uma rede que abrangesse um número muito maior de pessoas.
Dickinson considera que a esgrima é um esporte que evoca questionamentos sobre sua própria identidade. “O inimigo na esgrima é você mesmo, tanto quanto o oponente. É isso que eu mais amo no esporte. Aprendi mais do que poderia ter imaginado quando comecei a lutar”5. No caso de Bruce, ele descobriu com a esgrima que é ambidestro, com predominância canhota. Por este motivo, no auge de sua performance, ele decidiu passar a empunhar a espada com a mão esquerda.
A partir de meados dos anos 80, Bruce Dickinson passa a levar consigo seu kit de esgrima em todas as turnês. Em cada cidade em que ele ou o Iron Maiden tocava, procurava um clube local para treinar e lutar. Sempre que conseguia, se inscrevia em competições mundo afora: “Eu simplesmente dava as caras e lutava, e dali saíamos para beber cerveja e falar sobre esgrima”6. E foi exatamente isso que Bruce fez em diversas passagens pelo Brasil em turnê. Indiretamente, seus treinos nas Salas D’Armas brasileiras acabaram se tornando potenciais incentivadores da prática da esgrima por aqueles que acompanham seu trabalho e ajudaram a tornar o esporte mais conhecido, uma vez que alguns desses treinos contaram com a presença da mídia.
Neste texto, o objetivo é fazer uma agenda memória colaborativa dos registros de treinos realizados por Bruce Dickinson em suas passagens pelo Brasil. Iniciaremos por quatro eventos registrados por esgrimistas que duelaram com o lendário vocalista e deixaremos em aberto para inserção de novos e nunca noticiados duelos que por ventura ocorreram em terras brasileiras.
- Balls to Picasso Tour (1995)
Em sua vinda ao Brasil em 1995, para a turnê de divulgação do álbum solo “Balls to Picasso”, com shows em São Paulo nos dias 14, 15 e 16 de março, Bruce Dickinson aproveitou para treinar com a equipe brasileira no Clube Paulistano, nas horas vagas entre os espetáculos. A foto abaixo foi enviada pelo esgrimista Marcos Cardoso, que venceu Dickinson na modalidade florete.
Foto: Marcos Cardoso
- The Chemical Wedding Tour (1999)
Durante a turnê de divulgação do álbum solo “The Chemical Wedding”, que rendeu três shows em São Paulo entre os dias 21 e 25 de abril de 1999, Bruce Dickinson aproveitou os dias de folga e realizou um duelo na Federação Paulista de Esgrima. A cobertura foi feita pela MTV Brasil e o oponente dessa vez foi Roberto Lazarini. Em entrevista concedida à MTV Brasil ao final do combate, Bruce afirma que na próxima vez que vier a São Paulo, irá trazer seu equipamento para duelar com todos. Tal promessa se concretiza em 2001, no Rio de Janeiro e em 2009, em São Paulo.
Foto: retirada do vídeo da MTV Brasil.
- Rock in Rio 2001
De volta ao Iron Maiden, em sua vinda para o Rock in Rio 2001, Bruce Dickinson treinou no Rio de Janeiro, no Clube de Regatas do Flamengo – Lagoa. Nesse dia, ele duelou com todos os presentes, dos iniciantes aos avançados. O registro em vídeo desse treino encontra-se no DVD oficial do show lançado pela banda, sendo os combates principais contra Marcus Borges e Guilherme Giffoni.
Foto: Twitter @mengaoretro
- Somewhere Back In Time Tour (2009)
Na “Somewhere Back In Time Tour”, do Iron Maiden, no dia seguinte à apresentação da banda – que ocorreu no Autódromo de Interlagos, São Paulo, no dia 15 de março de 2009 – Bruce Dickinson treinou no Esporte Clube Pinheiros, em duelo proposto pelo esgrimista brasileiro Renzo Agresta.
Aos 50 anos de idade, Bruce mostrou uma forma física impecável e resistência fora do comum, tendo duelado com cerca de 25 esgrimistas, de idades entre 13 e 60 anos, com poucos minutos de intervalo entre os confrontos. Também nesta oportunidade, pôde realizar uma revanche com Marcos Cardoso, com quem havia duelado em 1995, perdendo novamente o combate.
Foto: retirada do diário esportivo Lance
Foto: retirada do livro “Para que serve este botão? Bruce Dickinson – Uma Autobiografia”.
Foto: Enviada pelos atletas do Esporte Clube Pinheiros
Referências:
DICKINSON, Bruce. Para que serve este botão: uma autobiografia. Tradução: Jaime Biaggio. 1.Ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2018.
1 – Foto retirada do site Iron Maiden Brasil. Disponível em: http://www.ironmaidenbrasil.com.br/2015/07/bruce-dickinson-5-curiosidades.html
2 – Trecho retirado do livro autobiográfico, p.124.
3 – Trecho retirado da entrevista concedida à MTV Brasil.
4 – Trecho retirado do livro autobiográfico, p. 136.
5 – Trecho retirado do livro autobiográfico, p. 155.
6 – Trecho retirado do livro autobiográfico, p. 137.
Artigo escrito por Vanessa Silva Pontes em 12/07/2020